08 março 2010

Bernardo somou a primeira, Ruivo já vence no CPR2 e Campos sai de estrada

Não podia ter sido mais emotivo o primeiro confronto da temporada do Campeonato de Portugal de Ralis. O Rali Torrié teve indefinição quanto ao vencedor da primeira à última especial e ficou provado que não são necessárias equipas oficiais para o nível da competição estar nivelado por cima. Quanto ao vencedor, Bernardo Sousa fica para a história, não tanto pela sua primeira vitória, mas por ter sido o primeiro insular a triunfar no continente. João Ruivo foi o melhor famalicense, vencendo o CPR 2.

Sob o olhar atento de milhares de pessoas, na 6ª feira o arranque foi dado e começou-se a ter um esboço de quem poderiam ser os intervenientes ao longo do dia seguinte. E um dos intervenientes que decidiu não reaparecer no Sábado foi a chuva, contudo os pisos das especiais matinais mantinham-se algo húmidos, pelo que o primeiro foco de interesse seria verificar as diferentes afinações escolhidas pelos pilotos.

Cedo Bernardo Sousa levou o Ford Fiesta S2000 à liderança da prova, mas sempre bastante pressionado por Miguel Campos e por Pedro Peres, que mostraram um equilibrio assinalável entre os Grupo N e os S2000, algo que seria um tanto ou quanto inesperado. Destes nomes, apenas o famalicense não passou pelo comando da prova, mas a sua diferença para o 1º lugar nunca foi superior a 10 segundos. A estrear o Mitsubishi Lancer X, Campos queixou-se de não ter uma afinação concreta para piso seco. Pedro Peres mostrou que a rapidez evidenciada no Open de Ralis não era exclusivamente derivada do carro que conduzia e conseguiu vencer classificativas, instalando-se mesmo na liderança até um furo o atrasar irremediavelmente, pois parou para trocar a roda do seu Mitsubishi Lancer IX.

Na ronda da tarde, Bernardo Sousa desferiu o derradeiro ataque, alargando a vantagem para Miguel Campos, que ainda conseguiu contra-atacar, contudo logo a seguir o famalicense sai de estrada e vê-se afastado da prova, num erro que lhe é pouco comum. Mas quando se pensava que o madeirense estava confortavelmente instalado no 1º lugar, eis que é o seu carro que lhe prega uma partida, ficando sem direcção assistida e apenas com tracção dianteira. Com isto, Vítor Pascoal, vindo de trás e após uma prova alguns furos abaixo da concorrência, deu o tudo por tudo, mas não foi feliz nos seus objectivos e assim Bernardo Sousa venceu por somente 6,6 segundos. O piloto do Peugeot 207 S2000 nunca mostrou andamento para discutir a vitória, em condições normais, mas soube estar no sítio certo e aproveitar os deslizes alheios para somar alguns pontos preciosos.

A encerrar o pódio, Ricardo Moura começou com um ritmo forte e ficou-se com a ideia que poderia ter tido outro resultado, não fossem alguns problemas no motor do Mitsubishi Lancer IX. Contudo, o piloto dos Açores preferiu segurar a vitória no Grupo N do que, já na fase final do rali, discutir a posição com Vítor Pascoal.

Nos lugares imediatamente seguintes ao pódio, mais dois animadores e espectaculares pilotos oriundos de Espanha, Alberto Meira e Victor Senra. O primeiro brindou os espectadores com uma condução magnífica, sem pensar no resultado final, enquanto o segundo venceu entre as 2 rodas motrizes, embora não retire pontos aos concorrentes nacionais.

Outro dos atractivos do rali prendia-se com José Pedro Fontes e o seu Porsche 911 GT3. Um engano logo na SE de 6ª feira fez o piloto perder alguns segundos, mas nas primeiras classificativas de Sábado começou a recuperar terreno, ainda que tenha sido ingloriamente, pois um furo atirou-o para lugares atrasados. Na parte da tarde, Fontes foi categórico, venceu especiais e conseguiu um 6º lugar final, deixando a promessa de que pode discutir vitórias em futuras ocasiões.

Quem não podia ter melhor regresso ao plantel do Nacional era a dupla João Ruivo/Alberto Silva. Os famalicenses mostraram um bom ritmo competitivo e mesmo sem arriscar, foram cimentando a sua posição dentro do top-10. Apenas alguns contratempos mecânicos, nomeadamente a embraiagem a dar algumas de dores de cabeça a João Ruivo na parte da manhã e depois uma falha na direcção assistida que levou a uma penalização de 30 segundos à saída do parque de assistência. A dupla do Fiat Stilo Multijet viu ainda o 1º lugar no CPR2 ser lhe entregue de bandeja por Adruzilo Lopes, depois de um engano na derradeira super especial.

O piloto do Renault Clio R3, acompanhado pelo famalicense Vasco Ferreira, dominou por completo entre as duas rodas motrizes e apenas o erro lhe foi fatal. Ficam em aberto novas aparições, pois o bicampeão em título do agrupamento de Produção voltou a provar que é rápido a conduzir qualquer tipo de carro... também é rápido a sair do pódio, mostrando algum descontentamento, mas como só se pode queixar de si próprio, a sua atitude não caiu bem, ainda para mais num piloto com tanta experiência de ralis.

Um pouco mais atrás e depois de vários problemas no Mitsubishi Lancer VIII, João Traila e o seu navegador, o famalicense Duarte Costa foram os 17ºs classificados. Logo na 6ª feira, a bobine do motor não colaborou e o ritmo foi lento, mas a dupla não desmotivou. No Sábado, ainda registaram alguns cronos nos dez primeiros, mas já na fase final da prova, novos problemas mecânicos ditaram novo atraso e a queda para lugares atrasados.

Entre os abandonos, depois do já destacado de Miguel Campos, ainda uma nota para o famalicense Paulo Marques, navegador de Martinho Ribeiro, que na estreia do Renault Clio S1600 tiveram uma saída de estrada na primeira especial de Sábado, pelo que se pode dizer que foi curta a sua participação. Também Vítor Lopes teve uma curta participação, capotando logo na 6ª feira à noite, a quem se juntou no rol dos desistentes, Vítor Sá, que deu um toque e não conseguiu continuar, assim como Paulo Antunes, com vários problemas mecânicos no Fiat Punto S1600. Barros Leite foi outros dos desistentes, assim como Nuno Barroso Pereira e Ivo Nogueira, todos com saídas de estrada.

Classificação Final
1º Bernardo Sousa/Nuno Rodrigues da Silva (Ford Fiesta S2000) -- 1h12m08,7s
2º Vítor Pascoal/Mário Castro (Peugeot 207 S2000), a 6,6s
3º Ricardo Moura/António Costa (Mitsubishi Lancer IX), a 22,7s
4º Alberto Meira/Álvaro Bañobre (Mitsubishi Lancer X), a 1m24,9s
5º Victor Senra/David Vasquez (Peugeot 206 S1600), a 1m54,8s
6º José Pedro Fontes/Paulo Babo (Porsche 911 GT3), a 2m39,2
João Ruivo/Alberto Silva (Fiat Stilo Multijet), a 3m50,9s
8º Adruzilo Lopes/Vasco Ferreira (Renault Clio R3), a 4m14,8s
9º Ricardo Marques/Hugo Rodrigues (Citroën C2 R2 Max), a 4m27,1s
10º Armindo Neves/Filipe Serra (Mitsubishi Lancer VIII), a 5m03,6s
(...)
17º João Traila/Duarte Costa (Mitsubishi Lancer VIII), a 7m26,7s

Nos dias 11 e 12 de Abril, está marcada a próxima prova do Campeonato de Portugal de Ralis, o Rali Serras de Fafe, a primeira em pisos de terra.

Fotos: MotoresMagazine

Sem comentários: