O Rali de Mortágua foi mais um espectáculo mediano, um pouco à imagem de todo o Campeonato de Portugal de Ralis. A prova consagrou Ricardo Moura como campeão nacional, apesar da vitória no rali sorrir a Vítor Lopes, que somou o segundo triunfo da época. Nas hostes famalicenses, o destaque vai inteiro para José Janela que está a um pequeno passo do título nas 2 rodas motrizes.
A primeira etapa da prova do Clube Automóvel do Centro fazia prever uma luta ao segundo pela vitória entre os dois candidatos ao título, Ricardo Moura e Vítor Lopes. O piloto açoreano foi o único líder do rali no dia de Sábado, mas a sua vantagem só superou os 5 segundos já depois da super especial, deixando tudo em aberto para Domingo. Já longe da discussão pelo 1º lugar estava Pedro Peres, após ter furado logo na classificativa inaugural e com isso se ter atrasado consideravelmente. Peres concentrava-se mais em segurar o lugar mais baixo do pódio, pois Pedro Meireles seguia logo atrás, depois de um primeiro dia de rali onde se mostrou muito competitivo.
No CPR2, a discussão era a três, mas Ivo Nogueira levava alguma vantagem conquistada essencialmente na super especial, onde João Silva/José Janela sofreram um furo no Renault Clio e Paulo Antunes se atrasou bastante também. Entre os pilotos de Famalicão, o primeiro dia ditou a sorte da maioria. Uma penalização e um problema na caixa de velocidades atirava a dupla Miguel Barbosa/Rui Raimundo para o último lugar, numa altura em que rodavam no Top-10 num ritmo muito positivo. A navegar Ricardo Marques, o famalicense Paulo Marques seguia na 10ª posição da geral e confortavelmente no 6º posto do CPR2, uma posição que não correspondia ao seu andamento, pois a super especial também lhes foi madrasta, com algum tempo perdido.
A 2ª etapa começou com os 4 homens da frente a colocarem todos os trunfos em jogo e com isso as diferenças na PEC 6 - a primeira do dia - era curtas, mas Vítor Lopes foi quem mais se evidenciou e recuperou a desvantagem para Ricardo Moura. Aí, o CPR2 ganhava novo alento com a desistência de Ivo Nogueira, depois de um toque. João Silva ficava na frente, com Antunes no seu encalço.
Na especial maior, o piloto do Subaru desferiu o primeiro ataque e passava para a liderança, de onde não mais saíria, deixando o seu adversário a mais de 14 segundos. Aqui, Pedro Peres abandonava, com novo despiste a deixar claro que Mortágua não é um rali que lhe deixe boas recordações. Assim, Meireles subia ao 3º lugar, mas já a mais de um minuto do líder e com semelhante vantagem face a João Silva, que amealhou uma confortável distância para o principal opositor. A partir daqui, o rali ficou praticamente decidido e não se verificaram mais trocas de posições na frente, com Vítor Lopes a cimentar a vantagem conseguída perante Ricardo Moura, a quem o 2º lugar cabia perfeitamente nos objectivos definidos para chegar, desde já, ao título nacional. Pedro Meireles ainda vencia uma classificativa na fase final da prova e garantia um lugar no pódio, na frente de João Silva e José Janela que por pouco não se distraiam e perdiam a vitória no CPR2, pois Paulo Antunes recuperou 20 segundos no derradeiro troço e ficava a apenas 3,3 da dupla do Renault. Com este resultado, Silva e Janela ficam a somente 7 pontos do título, no ano de estreia do madeirense no campeonato nacional, a tempo inteiro.
Com tantos abandonos nos habituais ocupantes dos lugares cimeiros - também Vítor Pascoal abandonou com problemas mecânicos no Mitsubishi Lancer VIII que utilizou neste rali, ele que vinha a fazer uma prova algo apagada - foi Paulo Neto quem se classificou no 6º lugar, o melhor entre os concorrentes do Citroën Trophy. O piloto do DS3 R3T não teve ritmo para acompanhar a luta pela vitória no CPR2, mas segurou confortavelmente o 3º posto, na frente de Hugo Mesquita, também a impressionar um pouco mais ao volante do Renault Clio R3. João Fernando Ramos levou o Mitsubishi Lancer IX ao 8º posto, na frente de dois concorrentes espanhóis, Oscar Mouriño e Daniel Mariño.
Ricardo Marques e o famalicense Paulo Marques terminaram às portas do Top-10, depois de uma 2ª etapa nada fácil para a equipa do Citroën C2 R2 Max. Uma penalização de 2m50 relegou-os para posições atrasadas, obrigando a um esforço suplementar para recuperar o tempo perdido e corrigir a classificação final. Ainda assim, resta a consolação de serem os 2ºs entre os Citroën.
Complicada foi igualmente a prova de Miguel Barbosa e Rui Raimundo. Depois dos problemas na etapa inicial, onde perderam cerca de 20 minutos, pouco mais restava do que rodar e ambientar ao Mitsubishi Lancer IX, bem como ao ritmo do Nacional. A 2ª etapa já foi ao encontro dos objectivos da dupla famalicense, obtendo cronos de registo até que uma saída de estrada deixou marcas a nível mecânico no Mitsubishi e os fez perder muito tempo novamente. Dessa forma, Barbosa foi 16º classificado.
Na Taça de Portugal, vitória para Renato Pita e para o famalicense Jorge Carvalho. A dupla do Mitsubishi Lancer VII chegou à liderança ainda na 1ª etapa e foi segurando a vantagem até ao final, onde estalou a polémica devido a um tempo atribuído à dupla, depois de terem parado para auxiliar um concorrente cujo carro estava em princípio de incêndio. Animosidades à parte, Raul Aguiar foi 2º, na frente de Armindo Neves. A entrega do título fica adiada para o Algarve, pois com o 7º lugar de Júlio Bastos, tudo esta ainda em aberto. Menos sorte tiveram os navegadores famalicenses inscritos na taça. Logo na especial de abertura, Sérgio Rocha (a navegar Pedro Matias) sofria um aparatosa despiste, que deixava o Fiat Abarth 500 numa posição pouco ortodoxa e 20 metros abaixo do nível da estrada, ainda que não tenha havido consequência físicas para os pilotos. Também por abandono se saldou a prova de Justino Reis (co-piloto de Eduardo Veiga), que na penúltima especial e devido a problemas mecânicos no Ford Escort RS, era obrigado a desistir. E como não há dois sem três, José Azevedo (navegador de Paulo Brás), deixava a prova logo na primeira classificativa, devido a uma saída de estrada e que deixou o Peugeot 306 inoperacional para prosseguir em prova. Aliás, de referir o elevado número de abandonos, sendo uma grande parte por despiste, pois para além dos já referidos, também na caravana do CPR, Armando Oliveira e Isabel Ramos abandonaram devido a saídas de estrada.
O Campeonato de Portugal de Ralis segue agora para o Algarve, a derradeira prova da época e com apenas o CPR2 por decidir, fica o palpite para nova lista de inscritos reduzida.
Classificação Final CPR
1º Vítor Lopes/Hugo Magalhães (Subaru Impreza WRX) - 1h02m06,5s
2º Ricardo Moura/António Costa (Mitsubishi Lancer IX), a 30,8s
3º Pedro Meireles/Mário Castro (Mitsubishi Lancer X), a 1m30,6s
4º João Silva/José Janela (Renault Clio R3), a 3m18,0s
5º Paulo Antunes/Alberto Oliveira (Opel Corsa S1600), a 3m21,3s
6º Paulo Neto/Daniel Amaral (Citroën DS3 R3T), a 6m35,9s
7º Hugo Mesquita/Nuno Rodrigues da Silva (Renault CliO R3), a 7m55,1s
8º João F. Ramos/Marco Macedo (Mitsubishi Lancer IX), a 9m42,9s
9º Oscar Mouriño/Maricarmen Pereira (Citroën Saxo), a 9m59,2s
10º Daniel Mariño/Veronika Gonzalez (Ford Fiesta R2), a 10m44,6s
11º Ricardo Marques/Paulo Marques (Citroën C2 R2 Max), a 11m06,0s
(...)
16º Miguel Barbosa/Rui Raimundo (Mitsubishi Lancer IX), a 32m34,7s
Classificação Final Taça
1º Renato Pita/Jorge Carvalho Jr (Mitsubishi Lancer VII) - 1h03m22,0s
2º Raúl Aguiar/Pedro Pereira (Mitsubishi Lancer IV), a 1m09,2s
3º Armindo Neves/Bernardo Gusmão (Mitsubishi Lancer VII), a 3m28,1s
4º Joaquim Raposo/David Sousa (Mitsubishi Lancer IV), a 4m09,3s
5º Roberto Canha/Marcos Gonçalves (Citroën Saxo), a 4m26,9s
(...)
NC - Eduardo Veiga/Justino Reis (Ford Escort RS) - Avaria na PEC 8
NC - Pedro Matias/Sérgio Rocha (Fiat Abarth 500) - Despiste na PEC 1
NC - Paulo Brás/José Azevedo (Peugeot 306) - Despiste na PEC 1
Fotos: Ralis Online e Motores Magazine
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