Rui Lapa teve uma prestação de grande mérito a nível internacional. O piloto famalicense teve uma forte projecção em Espanha, onde militou no Campeonato de Espanha de GT, bem como no Brasil, onde encerrou a temporada com dupla vitória no campeonato local. Para 2012, o objectivo é evoluir, pese embora as dificuldades inerentes a um projecto desta envergadura.
Qual o balanço geral da temporada de 2011 em termos dos objectivos propostos no início?
Faço um balanço extremamente positivo, tanto do Campeonato Espanha IBERGT como da minha participação no Itaipava GT3 Brasil. Começamos a temporada 2011 com um objectivo muito concreto, o de ocuparmos um lugar no podio na Categoria GT Light. Sabíamos que as dificuldades seriam muitas, pois os circuitos eram de todo desconhecidos para mim, o carro era a primeira vez que pilotava e também era o primeiro ano da equipa neste palco internacional. Obtivemos um total de duas pole positions, uma vitória e quatro podiuns em seis fins de semana de corridas. Nos bons resultados, assimilamos que estavamos a fazer bem, também nas derrotas retiramos aspectos positivos e encaramos como uma aprendizagem para futuro!
A minha presença no Itaipava GT3 Brasil, só a posso considerar como perfeita. Era tudo novo para mim, desde a equipa, o carro, o circuito, os adversários. Acabou por ser um fim de semana de sonho, onde dominamos a toda a linha, desde as poles, às voltas mais rápidas em corridas, até às duas vitórias finais. Tudo isto só aconteceu, porque tivemos desde logo uma equipa excelente - Ebrahim Motors - onde nada nos faltou e um excelente entrosamento entre mim e o meu companheiro de equipa, o Azor Dueñas.
Considero os nossos pontos altos na temporada de 2011, obviamente, as vitórias e podiuns conquistados, mas também junto aqui a corrida de Albacete. Nesta prova tivemos uma avaria grave na caixa de velocidades no decorrer do primeiro treino livre, o que levou a equipa a trabalhar durante todo o dia e à noite no carro, para podermos estar na corrida. Não nos foi possível sequer fazer a qualificação, o que nos levava a arrancar do último lugar da grelha. Arrancamos de último e estavamos a ocupar o 2º lugar a 10 minutos do final, quando um incêndio no carro deitou por terra todo o esforço da equipa e pilotos.
O aspecto mais negativo da temporada acaba por ser o acidente no Circuito da Boavista, onde contavamos vencer. Infelizmente um grave acidente, logo nos treinos livres, devido à quebra de uma jante, ditou prematuramente o nosso abandono deste final de semana e acabou por pôr em causa a restante temporada, pois os estragos no carro foram muitos. Numca baixamos os braço e voltamos em força para a restante temporada.
Qual o adversário mais duro de roer?
Todos os adversários foram difíceis. Estamos a falar de campeonatos altamente competitivos, no caso de Espanha militam os melhores pilotos ibéricos da especialidade. Já no caso do Brasil e para se perceber o nivel competitivo deste campeonato, estavam à partida para esta corrida 4 ex pilotos de Fórmula 1. Por isso escolher um piloto no meio de todos estes valores, é uma tarefa ingrata e dificil .
Houve alguma peripécia engraçada que queira partilhar?
O momento mais engraçado aconteceu em Jerez de la Frontera, quando um grupo de polícias foram ver os nossos treinos de 6ª feira e acabaram todos na nossa box a beber Monster Energy, um dos meus apoios. A certa altura já chamavam mais alguns via rádio, para virem provar um "Guaraná Amargo". Beberam tanto que no Domingo da prova, dois deles voltaram a nossa box para nos dizer que passaram toda a noite em claro e não faziam ideia que o guaraná tirava o sono.
Acredito que a primeira coisa que o publico/fãs focam logo numa equipa é a sua imagem e organização. Foi sempre uma aposta minha dar um especial cuidado à imagem e passar a mensagem dos nossos patrocinadores o melhor possivel e acessivel a todos. É um investimento grande, mas que gera o devido retorno.
De Espanha ao Brasil, a sua carreira é cada vez mais internacional. Correr em Portugal não é atractivo?
Corri vários anos em Portugal e cheguei a uma fase em que senti que estava na altura de dar o salto para o exterior, procurar novos desafios, novos campeonatos. O retorno mediático que gerava em Portugal não ia de todo ao encontro do retorno que queria e devia dar aos meus patrocinadores, pois é um campeonato com muito pouco público, ou seja, falta de organização.
Apostei essencialmente em correr fora, por uma estratégia de retorno e evolução como piloto, o que é fundamental quando se quer ter uma carreira sólida nos automobilismo.
Quais os planos para a próxima época?
Para 2012 gostaria de evoluir a nível de carro, mas tenho a plena consciência que não é fácil.
O país atravessa, neste momento, algumas dificuldades, o que deixa as empresas e potenciais patrocinadores com receio de se envolverem em projetos avultados. Mas acredito que projectos com valor e "bem nascidos" tenham o seu espaço, mesmo nesta altura menos boa que atravesamos.
Que mensagem deixa aos adeptos e leitores do Famalicão Motor?
Para já gostaria de deixar uma mensagem de um feliz ano 2012 para todos! Deixar aqui também expresso o meu agradecimento a todos os leitores e apoiantes do Famalicão Motor, pelo carinho e apoio até hoje demonstrado. Sem dúvida que é importante ver o nosso trabalho reconhecido e isso dá-me ânimo e energia para continuar a fazer mais e melhor!
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