Naquele que foi considerado, quase pela generalidade, como o rali mais disputado do ano e aquele que mais interesse despertou, visível pelo grande número de aficionados que se deslocaram até Mortágua, o vencedor voltou a ser Bruno Magalhães, porém teve em José Pedro Fontes um adversário ao seu nível. Também patente ficou a idéia que o Campeonato de Portugal de Ralis pode estar numa crise de quantidade, mas a qualidade não esvaneceu e a emoção esteve presente até ao último metro.
Embora tenha liderado desde a primeira especial, Bruno Magalhães (Peugeot 207 S2000) viu o seu principal rival, José Pedro Fontes (Fiat Punto S2000) sempre muito perto, num rali em que o já coroado campeão nacional se mostrou, visivelmente, mais descontraído, contudo não deixou escapar mais uma vitória, que deu à sua equipa o campeonato de marcas, ficando para a última prova a decisão do título de navegadores. "Foi um excelente rali com uma luta muito interessante com o José Pedro Fontes, ele fez o que lhe competia que era tentar contraiar o nosso domínio e nós respondemos. Acabamos por conseguir atingir o objectivo de vencer o rali de Mortágua, naquele que foi o melhor rali do ano, espero que hajam mais ralis disputados como este", referiu Bruno Magalhães.
José Pedro Fontes mostrou que queria a vitória e jogou tudo por tudo em Mortágua em busca disso mesmo. Com um Fiat Punto S2000 a colaborar na perfeição, o nível apresentado por Fontes foi alto e, nestes dois anos inserido na Fiat Vodafonte Team, nunca a vitória tinha estado tão perto. Porém um pião no derradeiro troço fez com que a réstia de esperança que na altura se cifrava em pouco menos de 7 segundos se esfumasse, optando o piloto da Fiat por um ritmo mais cauteloso até ao final desse troço, num ritmo mais seguro que lhe permitiu alcançar preciosos pontos na luta pelo vice campeonato.
A fechar o pódio, Vítor Pascoal, em Peugeot 207 S2000, queixou-se da relação escolhida para a caixa de velocidades e só alcançou o 3º posto após o despiste de Fernando Peres e os problemas de Mex Machado dos Santos. No local certo, à hora exacta, Pascoal recebeu "de mão beijada" mais alguns pontos que ainda o deixam com expectativas para lutar com José Pedro Fontes pelo 2º lugar do campeonato, embora ao ritmo que se viu em Mortágua, seja extremamente complicado para o piloto do Peugeot.
Vencedor do Agrupamento de Produção pela segunda vez consecutiva, Pedro Meireles (Subaru Impreza WRX), mostrando que se não fossem os azares na fase da terra e poderiam ter discutido o título até final. Depois de uma manhã mais cautelosa, a parte da tarde mostrou um ritmo mais vivo, pois Adruzilo Lopes não estava longe e com um forcing no último troço, Meireles subiu ao 4º lugar final.
Adruzilo Lopes, com o famalicense José Janela, foi o 5º colocado, um resultado que encaixou na perfeição, pois com o abandono de Fernando Peres, ficou com estrada aberta para a conquista do título no Grupo N, embora com um sabor algo amargo para as hostes da ARC Sport. É que o Subaru Impreza WRX foi selado pela FPAK e vai ser sujeito a uma verificação, estando por isso a classificação suspensa. Quanto à sua prova, Adruzilo não correu grandes riscos, pois um pião logo na super especial foi tido com um aviso e o ritmo que Fernando Peres imprimiu até ao abandono era inacessível. "Acabamos por chegar ao título com a desistência do Fernando... não era assim que eu desejava ser campeão, mas os ralis tem destas coisas", disse Adruzilo Lopes, no final.
Naquela que era uma prestação muito aguardada, Mex Machado dos Santos terminou a sua primeira prova com o Porsche 997 GT3, se bem que alguns lugares abaixo daquilo que mostrou ao longo de toda a prova. A assistir de camarote à luta pela vitória, subiu ao pódio depois da desistência de Peres, mas no derradeiro troço, um problema de travões viu cair por terra as aspirações de Mex, até ao 6º lugar final.
Nas duas rodas motrizes, Pedro Leal, em Fiat Stilo Multijet foi o mais veloz, depois de uma interessante luta com Carlos Matos, navegado pelo famalicense Vasco Ferreira, no Renault Clio S1600, que baixou os braços após um furo lento na parte final do rali. Pedro Leal deu também importante passo na aproximação a Barros Leite na Taça Nacional de Ralis, ele que abandonou na fase inicial do rali, por despiste. Para Carlos Matos e Vasco Ferreira, ficou a consolação da vitória na F3, onde são lideres do campeonato.
Quanto aos restantes famalicenses presentes em Mortágua, palavra ainda para Justino Reis, a navegar o açoreano Luís Miguel Rego, num Mitsubishi Carisma GT, esta prova serviu essencialmente para transmitir conhecimentos e experiência ao jovem piloto, que se estreou. Sem problemas de maior ao longo da prova e depois de efectuarem, sistematicamente, cronos nos vinte mais rápidos, o 19º lugar final assenta na perfeição à dupla.
Os Clássicos estiveram, igualmente, presentes em Mortágua, se bem que algo insatisfeitos pelo facto de se encontrarem em 2º plano, e daí terem menor visibilidade, tal como pelos constantes atrasos que o rali sofreu, vendo uma classificativa ser anulada e uma reduzida. Os carros, na sua maioria, são espectaculares, e é sempre gratificante, pra qualquer adepto, já algo entrado na idade, ver estas máquinas. Pena que nestas provas do CPR, os Clássicos, sejam algo "maltratados", devido às circunstâncias, já acima referidas. Desportivamente, a vitória foi para José Sousa (Renault 5 Turbo), que assumiu a liderança do campeonato, ficando a dupla de Famalicão, Frederico Ferreira/Octávio Araújo, em Ford Escort RS, na segunda posição, embora pouco satisfeito com o novo motor: "É mais potente, mas também mais bicudo, o que nos dificultou muito nas zonas de baixa rotação", referiu o piloto.
Classificação Final CPR
1º Bruno Magalhães/Carlos Magalhães (Peugeot 207 S2000) - 1h09m44,1s2º José Pedro Fontes/António Costa (Fiat Punto S2000) - a 20,4s
3º Vitor Pascoal/Joaquim Duarte (Peugeot 207 S2000) - a 3m00,5s
4º Pedro Meireles/Jorge Henriques (Subaru Impreza WRX) - a 3m46,6s
5º Adruzilo Lopes/José Janela (Subaru Impreza WRX) - a 3m47,3s
6º Mex/Paulo Babo (Porsche 997 GT3) - a 4m08,5s
7º Pedro Leal/Redwan Cassamo (Fiat Stilo Multijet) - a 4m18,8s
8º Carlos Matos/Vasco Ferreira (Renault Clio S1600) - a 4m22,6s
9º Paulo Antunes/Hugo Magalhães (Citroën C2 R2) - a 5m36,4s -- 1º Challenge Citroën C2
10º Carlos Costa/Alberto Oliveira (Citroën C2 R2) - a 7m12,1s
(...)
19º Luís M. Rego/Justino Reis (Mitsubishi Carisma GT) - a 14m28,9s Classificação Final Clássicos
1º José Sousa/José Salgado (Renault 5 Turbo) - 27m33,1s
2º Frederico Ferreira/Octávio Araújo (Ford Escort RS) - a 32,4s
3º Anibal Rolo/José Arantes (Renault 5 Turbo) - a 56,6s
4º Paulo Azevedo/Nuno Silva (Ford Escort RS) - a 59,7s
5º António Segurado/Pedro Ágoas (Ford Escort RS) - a 2m25,0s Classificação CP Ralis
1º Bruno Magalhães (85 pts)
2º José Pedro Fontes (53 pts)
3º Vítor Pascoal (48 pts)
4º Adruzilo Lopes (38 pts)
5º Fernando Peres (35 pts) Classificação CP Clássicos
1º José Sousa (48 pts)
2º Aníbal Rolo (45 pts)
3º Frederico Ferreira (33 pts) O CP Ralis e os Clássicos voltam a estar juntos no Rali Casinos do Algarve, nos dias 21 e 22 de Novembro, naquela que sera a última prova de ambos os campeonatos e a habitual festa final dos ralis em Portugal. Fotos CP Ralis: João Alvarinhas (Ralis.Online)
Fotos Clássicos: DC Photorally
Sem comentários:
Enviar um comentário