09 dezembro 2010

"Gostava de ver mais mulheres nos ralis" refere Mariana Neves de Carvalho

Terminada que está a temporada de 2010, é também altura de Mariana Neves de Carvalho fazer o balanço, daquela que foi a sua segunda época nos ralis. Depois de se ter estreado aos comandos do Suzuki Ignis em 2009, a piloto de Famalicão elevou a fasquia em termos de montada, para um potente Peugeot 206 GTI, colocando como meta principal o rodar dentro dos cinco primeiros do Campeonato de Portugal Júnior de Ralis.

Sempre acompanhada por Filipe Martins na navegação, a dupla teve um inicio de ano algo cauteloso, porque sendo o conhecimento do carro quase nulo e ainda se estar numa fase de aprendizagem e desenvolvimento, a piloto assistida pela Macominho Sport nas nove provas em que participou esta temporada divididas em pisos de asfalto e terra, terminou em sete, desistindo apenas em Barcelos e Loulé.

Ainda assim, algumas das provas que terminou foram perseguidas por algum azar e exemplo disso, foram os ralis do Vidreiro onde a piloto realiza um registo dentro do top-ten, sexto da classificação absoluta, mas uma saída de estrada no troço seguinte hipotecou um bom resultado, sendo que no rali de Arganil depois de uma serie de furos, uma indisposição de Filipe Martins seguida de desmaio, também a coloca na cauda do pelotão.

As restantes provas correram dentro do normal, tendo em conta que Mariana Neves de Carvalho estava numa fase de adaptação ao carro francês, conquistando ainda resultados de grande relevo como foi o caso dos ralis de Gondomar e Terras de Basto onde alcançou dois pódios na competição Júnior.

"Apesar de este ser o meu segundo ano de competição, tive de o encarar como o ano zero, e apesar de já conhecer algumas das provas em que participamos, o facto de este carro ser mais potente, tinha que ter algumas cautelas e fazer uma boa adaptação, claro está, espreitando sempre bons resultados", confessa Mariana Neves de Carvalho que adianta, "ainda assim faço um balanço positivo, pois, em condições normais, mostramos que conseguimos andar junto dos da frente".

Em relação à montada, a piloto diz, "é um carro fantástico, que me dá muito prazer em conduzir, pelo que nas primeiras provas havia que ter respeito e daí ter entrado no campeonato algo cautelosa, para depois de o conhecer melhor e saber os nossos limites, tirar o maior partido de toda a sua potência e também uma maior diversão nas provas". Mariana Neves de Carvalho reconhece neste sector todo o empenho da equipa Macominho Sport, "são pessoas extraordinárias, colocaram-me sempre o carro nas condições ideais para disputar as provas. O meu conhecimento em determinadas afinações não é o melhor, e eles, - Ricardo Costa, Bruno Costa, Nuno, Tó, Abílio e Jorge - ajudaram-me sempre".

Desde a sua primeira aparição dentro de um carro de rali, a piloto de Famalicão apenas conheceu um navegador, Filipe Martins, "apesar de ter laços familiares que me levam a gostar de desporto motorizado, através do meu pai e tio (manos Neves de Carvalho), o Filipe foi também uma peça importante para eu entrar neste desporto, daí que a escolha para navegador tivesse que passar por ele", refere Mariana que em relação ao co-piloto acrescenta, "às vezes ele é um pouco "tolo", parece não ter a noção do perigo, mas com a experiencia que acumulou, tem sempre tudo controlado e é uma peça importante nesta caminhada".

Considerado por muitos um desporto para homens de barba rija, a presença feminina começa a marcar o seu espaço dentro da modalidade, e a prova disso está que esta temporada foram cinco as meninas a disputar a Taça Feminina Júnior de Ralis onde a piloto famalicense se classificou na segunda posição, "gostava de ver mais mulheres neste desporto, até porque já provamos que em algumas situações conseguimos andar ao mesmo nível", concluiu Mariana Neves de Carvalho que terminou a temporada na 30.ª posição do Campeonato Open de Ralis no meio de mais de uma centena de participantes. No que toca ao Campeonato Júnior de Ralis a piloto de Famalicão foi sexta classificada.

Em relação ao futuro, Mariana Neves de Carvalho prepara já a sua presença na próxima temporada. Ao que tudo indica a piloto de Famalicão irá manter-se no Campeonato Open de Ralis. Finalmente, não podia deixar passar em claro, todo o apoio prestado pelos meus Patrocinadores que vem expostos no Peugeot, muito em especial à Louropel-Fábrica de Botões, sem os quais, não seria possível levar por diante este projecto desportivo.


"Segurá-la às vezes, e deixá-la ir quando é preciso, é o segredo"

Ligado à competição há 12 anos, onde conta já com dois títulos no Regionais de Ralis e um no Nacional de Todo-o-Terreno, Filipe Martins conta ainda com mais de cem provas disputadas no seu curriculo.

O navegador e apresentador do programa Multiválvulas na Cidade Hoje Rádio, fala também da experiencia de acompanhar Mariana Neves de Carvalho nos seus primeiros passos nos ralis, "quando fui abordado para a navegar, a minha resposta foi não, pois achava que não estaria preparado para este desafio", diz Filipe Martins que justifica essa decisão, "eu vinha habituado a ser comandado, pois os pilotos que tinha navegado já tinham mais experiencia, e com a Mariana tudo seria diferente, mas aceitei o desafio".

Passados dois anos o navegador famalicense comenta, "tenho alturas que nem dou por ela que estou a ser pilotado por uma "caloira", seguro-a às vezes e deixo-a ir quando é preciso, incentivando-a a mostrar o seu real valor, este é o segredo". Falando do futuro Filipe Martins confessa, "tive já alguns convites para disputar o Nacional de Todo-o-Terreno, mas neste momento apenas me quero concentrar nos ralis, pois a temporada começa já no mês de Janeiro e aguardo-a com grande expectativa, estou em crer que podemos andar dentro dos 15 primeiros da geral e essa será a minha meta", concluiu o navegador, que espera este ano regressar à faceta de piloto aos comandos do seu Fiat Cinquecento, no rali de Famalicão.

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