21 novembro 2012

Vitória caiu nos braços de Carlos Martins no Algarve

Pouco haverá a dizer sobre o Rali Casinos do Algarve e o estado degradante a que chegou aquele que deveria ser a principal competição de ralis em Portugal. Pelo 2º ano consecutivo, a prova disputada na zona de Monchique viu o vencedor da Taça ser o melhor em termos absolutos, cabendo a Carlos Martins essa posição. Destaque para o famalicense Jorge Carvalho, numa prova coroada com o 2º lugar da geral.

À partida para a derradeira prova do Campeonato de Portugal de Ralis, já se adivinhava que seria um rali a deixar transparecer a pobreza cada vez mais vincada na modalidade. Sem o campeão Ricardo Moura e ainda sem o famalicense Miguel Barbosa, tal como Pedro Meireles, Pedro Leal e Pedro Peres... ao volante, pelo menos.

Assim, tudo ficava entregue aos pilotos com carros de duas rodas motrizes e aos participantes da Taça de Portugal. A entrada no rali foi de ataque para Ricardo Teodósio, talvez querendo repetir o triunfo de 2011. O piloto algarvio rubricou o melhor tempo e ganhou logo uma confortável vantagem, que durou até ao meio do rali, quando foi obrigado a abandonar, com problemas na caixa de velocidades do Mitsubishi Lancer IV. A liderança passava para João Silva, que até aí vinha a dominar as contas do campeonato e gerindo a seu belo prazer a primeira posição entre o CPR2. Mas o piloto madeirense teria uma passagem fugaz pelo comando pois no mesmo momento em que a conquistou... a perdeu. João Silva passou a tomada de tempos e bateu, ficando logo ali com uma transmissão do Renault Clio R3.

A sina algarvia viria a afectar ainda Ivo Nogueira, que assumiu o comando do rali até ao último troço, onde furou e perdeu bastante tempo, caindo bastante na tabela e por pouco hipotecando aquela que seria a sua primeira vitória no Campeonato de Portugal de Ralis. Com este contratempo, Carlos Martins, navegado por Pedro Peres, viu a vitória cair lhe nos braços e juntou assim a vitória na Taça, ao triunfo em termos absolutos. Uma excelente prestação para o piloto do Mitsubishi Lancer VII, que há muito vinha ameaçando um resultado deste calibre nos ralis que vinha efectuado.

No 2º lugar absoluto surge outra surpresa. A estreia de Diogo Gago e do famalicense Jorge Carvalho com o Citroën C2 R2 Max correu às mil maravilhas e, a jogar em casa, o jovem piloto soube tirar os dividendos numa prova bastante complicada, devido à forte chuva e à sujidade das estradas da Serra de Monchique. Diogo Gago chegou a vencer duas especiais e foi o vencedor entre os carros de duas rodas motrizes, dando provas do seu talento, uma vez mais.

Ivo Nogueira viria a cair para o lugar mais baixo do pódio, na frente de Paulo Neto, autor de um rali positivo com o Citroën DS3. A marca do "double chevron" conquistou assim as duas primeiras posições no CPR e no CPR2, naquele que foi igualmente o seu regresso às vitórias, depois de Armindo Araújo.

Renato Pita e o famalicense Alberto Silva tiveram uma prova tranquila e sem correr riscos desnecessários. Terminaram na 7ª posição em termos absolutos, encerrando o pódio no CPR2, o que por aí lhes garantiu o vice-campeonato. Para o navegador de Famalicão, o saldo seria ainda mais positivo, uma vez que garantiu o título de Turismo. Nota para a decoração do Renault Clio R3 desta dupla, resultado de uma acção da equipa junto de uma escola, cabendo a um rapaz de 10 anos a elaboração de um desenho que deu uma roupagem diferente ao carro neste rali.

Num rali que terminaram apenas 12 concorrentes e em que a Taça voltou a misturar-se com o Campeonato de Portugal de Ralis, o Rali Casinos do Algarve voltou a deixar claro que algo é preciso fazer no nosso país para que esta modalidade saia de um poço em que o fundo parece não ter fim. De realçar ainda que o Clube Automóvel do Algarve atribuiu uma única classificação geral da prova, dividindo posteriormente os concorrentes pelo campeonato onde se inseriam. Para quando todo os ralis a adoptarem esta prática? Possivelmente quando não houver concorrentes a mostrar interesse no Campeonato de Portugal de Ralis, supostamente a competição rainha dos ralis num país.

Classificação Geral
1º Carlos Martins/Pedro Peres (Mitsubishi Lancer VII) - 1h16m54,1s
2º Diogo Gago/Jorge Carvalho (Citroën C2 R2 Max), a 1m22,4s
3º Ivo Nogueira/Nuno Rodrigues da Silva (Citroën DS3 R3T), a 1m50,2s
4º Paulo Neto/Paulo Fiúza (Citroën DS3 R3T), a 2m11,6s
5º Pedro Leone/Bruno Ramos (Ford Escort RS Cosworth), a 3m36,7s
6º Márcio Marreiros/Pedro Conde (Mitsubishi Lancer VI), a 3m42,6s
7º Renato Pita/Alberto Silva (Renault Clio R3), a 4m44,8s
8º Armindo Neves/Bernardo Gusmão (Mitsubishi Lancer VII), a 4m48,8s
9º Paulo Santos/Luís Santos (VW Golf GTI), a 9m46,8s
10º Renato Leria/Edgar Gonçalves (Ford Escort RS Cosworth), a 13m28,2s
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Fotos: Ralis Online

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