03 janeiro 2012

"É bom aliar a amizade e poder ensinar um jovem piloto", revela Jorge Carvalho

Com um rol imenso de participações em ralis, Jorge Carvalho cumpriu mais uma temporada e somou o título no Troféu Fastbravo. Um reconhecido prémio para o co-piloto famalicense, que reconhece que é motivador transmitir a experiência para um jovem piloto e ver os resultados a surgirem, estando a continuidade prevista para o ano que se segue.

Qual o balanço geral da temporada de 2011 em termos dos objectivos propostos no início?

O ano de 2011 acabou por ser muito positivo, pois os objectivos foram plenamente alcançados. Realço a vitória no Troféu Fastbravo e ainda experiência de mais algumas situações reais de corrida, que fazem parte da fase de aprendizagem para fazer um campeão.

Qual o melhor momento e o menos bom das provas efectuadas?

O melhor momento foi, sem dúvida, vencer o Rali de Loulé/Casino de Vilamoura. Aí completei o meu 200º rali e com esta vitória ficamos a um ponto da conquista da vitória no Troféu Fastbravo.

O pior foi exactamente o anterior, o Rali de Gondomar, que por razões pessoais - falecimento do meu pai dois dias antes - tive de fazer o rali sem efectuar os reconhecimentos com o Diogo Gago. Efectuei apenas uma passagem pelos troços para me certificar se as notas estavam todas escritas, para além de um estado anímico que não é o melhor, num rali que nos era importante para a conquista do troféu, mas conseguímos ultrapassar o momento com o apoio dos amigos que tenho feito ao longo dos anos nos ralis.

Qual o adversário mais duro de roer?

Nos ralis, o adversário mais implacável é o relógio, esse é que nos dá grandes dores de cabeça. Os adversários no Troféu Fastbravo são todos muito competitivos, mas também grandes amigos e solidários, por isso a todos, eu devo um pouco da nossa vitória, cada um fez um pouco para que nos aplicássemos no nosso melhor. Sendo este um troféu de aprendizagem, é um exemplo a seguir pelo clima de amizade que se cultiva entre todos.

Houve alguma peripécia engraçada que queira partilhar?

No Rali Serras da Freita, protagonizamos um dos maiores acidentes que tive ao longo dos meus anos de ralis. Felizmente, saímos ambos do carro ilesos, mas com o carro completamente destruído e claro que logo ali fizemos mais alguns amigos. Como ficamos impedidos de sair do local, porque havia quatro passagens nessa zona e nós ficamos logo na primeira passagem, tivemos tempo para ver e incentivar os nossos colegas de troféu. Na última passagem um deles aproxima-se do local em que nos encontrávamos, com dois pneus furados, o que ditaria ali ou mais à frente uma desistência, pois não teria tracção para fazer o resto do troço que era a subir. Mandamos parar, mas este optou por parar aí a uns trinta metros do local em que estava e ao tentar correr até ele para o auxiliar, fiz uma rotura muscular no gémeo direito que me impediu de andar mais umas semanas, mas lá o ajudamos cedendo-lhe a única coisa que sobrava do nosso carro, a roda suplente que era a única que não estava furada após o acidente. Isto levou a que os meus colegas de trabalho me andassem a gozar por uns tempos, pois ninguém acredita que a fazer ralis se tenha lesões musculares!

É enriquecedor colocar a experiência à disposição de um jovem que triunfa num troféu monomarca?

Os ralis são uma experiência enriquecedora sempre que se cultiva a amizade, a solidariedade e o convívio, mas quando se alia a isso poder ensinar o que aprendi ao longo dos anos a um jovem piloto como o Diogo Gago, que é uma promessa nos ralis, ainda mais enriquecedora se torna. Não tenho um palmarés invejável de resultados, mas tenho um historial de pilotos ao lado de quem me sentei e fiz grandes amizades, por vezes as suas carreiras foram limitadas pela falta de patrocínios, mas sempre tentei deixar a marca da solidariedade.

Fez ralis de Seat Marbella e depois efectuou o Rali de Portugal de Mitsubishi, é necessária uma preparação diferente?

São dois carros completamente diferentes, dois pilotos diferentes e notas em nada parecidas, mas a preparação a fazer é apenas mudar o "chip de navegação" e está feita.

Quais os planos para a próxima época?

Para 2012, um ano que se adivinha muito complicado pela contenção anunciada, mas irei tentar dar continuidade ao trabalho que tenho feito, ajudar pilotos a realizarem os seus projectos. Para já tenho o convite do Diogo Gago, para com ele participar no Desafio Modelstand, estando dependente ainda dos patrocinadores. Tenho também previsto alinhar no Rali de Portugal com o João Fernando Ramos, podendo ainda surgir algo mais após definição de alguns projectos.

Que mensagem deixa aos adeptos e leitores do Famalicão Motor?

Em primeiro lugar, quero agradecer-lhes os carinhos que dedicam à modalidade que tanto estimo. A nossa região é um berço de pilotos e navegadores, porque existem aficionados que nos apoiam e nos incentivam com as suas deslocações aos ralis. Nunca deixem de apoiar esta modalidade e critiquem construtivamente, é para eles que os ralis têm que continuar a existir. A todos, desejo um ano 2012 pleno de sucessos pessoais e profissionais que permitam enriquecer os nossos campeonatos.

Sem comentários: