23 dezembro 2011

"Aprendi muito neste primeiro ano no Nacional de Ralis", afirma Rui Raimundo

Mais um jovem piloto famalicense que esteve em bom nível na temporada que findou, seja ao volante, seja na navegação. Depois de algumas participações em Montanha, 2011 fica marcado pelo ingresso no Campeonato de Portugal de Ralis, ao lado do piloto Miguel Barbosa, com quem formou uma das mais jovens duplas nos ralis nacionais.

Qual o balanço geral da temporada de 2011 em termos dos objectivos propostos no início?

Tendo em conta os objectivos definidos para este ano, o balanço é muito positivo. No início de 2011, apenas estava definido um projecto para algumas provas do Campeonato Nacional de Montanha, projecto esse, que acabou por ser colocado em stand-by. Tudo porque em Abril, juntamente com o Miguel Barbosa, decidimos avançar com um projecto para os ralis, que nem tão pouco pensávamos, que seria tão rápido para chegarmos ao Campeonato Portugal de Ralis. No fundo, e acontecendo tudo de forma muito rápida, conseguir ganhar o Rali de Famalicão, o Rali de Santo Tirso, fazer uma boa prova na Rampa da Penha, ao vencer a classe, e apresentar um andamento muito bom nos restantes ralis do Nacional, só me deixam satisfeito e com muita vontade para o ano que se aproxima.

Qual o melhor momento e o menos bom das provas efectuadas?

O melhor momento foi a vitória do Rali de Famalicão. Era a primeira vez que corria com o Miguel, um jovem de muito valor e que vinha do Karting, sem nunca ter efectuado uma prova de ralis. Era a primeira vez corria numa viatura 4x4, o que se revelou, como seria de esperar, uma sensação fantástica, e porque vencemos na nossa terra, perante a nossa família, amigos e patrocinadores, visto que todos os nossos patrocinadores são do concelho de Famalicão.

O pior momento foi a desclassificação no Rali de Baião. Era a estreia do carro novo, o Mitsubishi Evo IX, e depois da 1ª PEC estávamos com mais de 40 segundos de vantagem sobre o segundo classificado, ou seja, liderávamos destacadamente e com um andamento muito forte. Nunca esquecendo que era o nosso primeiro rali com o carro que actualmente usamos no CPR, bem como era apenas o nosso 3º rali a disputar como equipa.

Qual algum adversário mais duro de roer?

A nossa aventura ainda é muito curta para definirmos adversários. Mas digamos que nos Ralis, digo a equipa Vitor Pascoal/Luís Ramalho, visto que no Rali Centro de Portugal, estávamos numa luta interessante, que tentámos sempre manter nas outras provas, apesar dos inúmeros problemas que tivemos neste final de ano. Na Montanha, o meu amigo Francisco Marrão, pois desde que nos conhecemos que andamos muito juntos e a tentar ganhar um ao outro.

Houve alguma peripécia engraçada que queiras partilhar?

Durante os ralis há sempre peripécias que ficam na memória. Algumas têm mesmo de ficar guardadas no baú. Mas realço o Rali de Baião, em que treinámos o rali com o carro de treinos sempre com a temperatura no vermelho, fizemos a viagem com o motor quase a partir, literalmente perdemos peças durante os treinos, mas ainda assim, conseguimos fazer a viagem de regresso, sem grandes contratempos.

Foste piloto na Montanha e navegador nos Ralis, é preciso abstrair de uma função para se ter sucesso na outra?

São mundos diferentes apesar de envolver carros. Para seres bom numa coisa tens de te focar nessa mesma coisa sem que nada te possa distrair. Por momentos, tens de saber que não existe mais nada a não ser a prova e aquele momento em que a concentração tem de dominar tudo. No entanto, na Montanha apenas guio. Não me preocupo com tempos, com o controlo, com assistência... com nada. E o tempo de concentração é muito pouco, visto que apenas guias durante 3 ou 4 minutos e acaba. No Ralis é tudo bem diferente. Como navegador, toda a semana anterior à prova já tem que ser dominada pela concentração e todos os preparativos passam por ti. Tu é que elaboras o caderno com toda a informação para a equipa, tens de saber na integra o regulamento da prova entre outras coisas. E na prova tens de tirar toda a pressão ao piloto. Tu é que controlas tempos, horas de controlo, assistência, pormenores do carro durante as ligações, contacto com a assistência durante as ligações, tudo. O piloto tem que se concentrar em conduzir e não falhar. Tal como tu. São pontos diferentes entre as diferentes provas, mas o gosto pela navegação é muito e o prazer na condução é enorme. No fundo, tens de ser capaz de afastar uma da outra, podendo completa-las com o que aprendes na posição de condutor com a de navegador.

Estando numa das duplas mais jovens do CPR, que experiência retiras ao lutar com os melhores pilotos nacionais de rali, chegando mesmo a batê-los?

A experiência que retiro é que tudo é feito ao pormenor. Não podemos falhar em nada, porque ao mínimo erro paga-se muito caro. Mas tenho consciência de uma coisa, muito tenho a aprender. Apesar de infelizmente no nosso CPR estar cada vez mais pobre, ainda consegues aprender muito com quem lá anda, pois falámos de pilotos com muitos anos, quilómetros e experiência. Acredito que no futuro, os erros de hoje serão as tuas atitudes de instinto no futuro, mas como ninguém nasce ensinado, temos de dar tempo ao tempo. Não posso deixar de ficar contente, que ao aparecer nas primeiras provas do CPR e conseguir bater alguns pilotos dá-te orgulho e felicidade, mas tens de ser coerente e saber que para chegar mais longe tens de ser ambicioso, e ter a noção que ainda falta muito caminho a percorrer.

Quais os planos para a próxima época?

A próxima época será no CPR acompanhando o Miguel Barbosa. De momento, tudo está a ser preparado meticulosamente, para que não falhe nada já no nosso primeiro rali, que também será uma estreia, o Sata Rali Açores. No entanto, e de forma esporádica, uma ou outra participação na Montanha poderá ser possível, porque o carro parado na garagem também traz muita despesa.

Que mensagem deixas aos adeptos e leitores do Famalicão Motor?

Aos adeptos e leitores do Famalicão Motor deixo votos de um Santo Natal com aqueles que são mais queridos, e que no sapatinho venham as notas para ganharmos o rali dos Sonhos. Para 2012, que seja um ano diferente deste... os momentos bons de 2011 que se repitam em 2012, e que novos e melhores surjam em 2012. Que o novo ano seja rico em sucesso, ambição, trabalho e bem-estar para todos.

Sem comentários: