14 abril 2008

Inúmeros contratempos adiam sonho de Sérgio Batista

Sérgio Batista era a grande aposta portuguesa para a jornada mundial do MotoGP, presente no Autódromo do Estoril de quinta-feira até ao passado Domingo. O jovem piloto da Padock Competições, foi o único português inscrito numa das três principais categorias da velocidade mundial (250cc).
Utilizando uma Honda RS 250 RW com mais de uma década de vida, o "wild-card" nacional passou por inúmeros contratempos antes da frustração final: "sempre mantive a esperança que estaria presente na corrida final, mesmo com todas as adversidades por que passamos no decorrer da primeira sessão de treinos" adiantou Sérgio Batista de apenas 16 anos e, pela primeira vez numa tão importante competição mundial.
A frustração foi maior, quando uma queda na derradeira oportunidade de garantir a qualificação, a juntar aos problemas mecânicos, impediram o jovem piloto de Famalicão de estar ao lado dos principais nomes da competição ao mais alto nível: "fica a consolação de ter feito tudo o que estava ao nosso alcance. Falha-mos desta vez com poucos meios, mas não vamos desmoralizar, tudo tentaremos para estar cá noutra oportunidade" afiançou o representante luso depois de tudo ter feito para garantir para Portugal um lugar na grelha de partida para a corrida do mundial de MotoGP na categoria de 250cc: "Tinha consciência do meu valor e sempre acreditei que era possível a qualificação. No primeiro dia, problemas mecânicos impediram-me de regressar à pista após uma única volta. O motor agarrou e tivemos que fazer trabalho extra para recuperar a moto para o dia seguinte" afirmava o piloto que manteve a esperança, depois da equipa oficial da Honda disponibilizar um técnico para recuperar a sua "velhinha" RS 250 RW, a mesma que o malogrado José Estrela tentou a qualificação no ano de 2001: "Depois de poucos minutos de rodagem com a moto, pensei que a segunda sessão de treinos fosse positiva. Mas, nada de novo, o motor voltar a demonstrar fadiga, mesmo assim realizei uma volta com o registo de 1m53s, deixando boas expectativas em condições normais. Quando regresso à pista, uma queda – provocada pelo arrefecimento dos pneus arredou-me definitivamente de realizar o sonho de estar na formação da grelha de partida para a grande corrida final" afirmou o desalentado piloto da Padock Competições.
Ao lado dos mais competitivos pilotos mundiais da modalidade, Sérgio Batista sentiu-se um "português" desconhecido entre a elite do motociclismo de um universo que não o seu: "Face às máquinas presentes eu era o "coitadinho" do pelotão, no entanto, queria contrariar todos aqueles que não acreditavam e que não disponibilizaram os meios necessários para um piloto português poder brilhar no grande palco da velocidade em Portugal. É lamentável, o único piloto luso, a defender as cores de Portugal ao mais alto nível não poder treinar no circuito do seu país. Os responsáveis do Autódromo do Estoril não acederam ao nosso pedido. Se já se torna difícil a um piloto português estar ao nível das grandes equipas mundiais, sem o apoio das entidades e sem condições tudo se torna mais difícil" lamentou-se o ex-campeão nacional de 85cc.
No final de um sonho que se tornou "pesadelo" fica a consolação de estar ao lado dos grandes ídolos e campeões da modalidade que vem defendendo desde os três anos "altura em que o meu pai me ofereceu uma noto, ao contrário de um triciclo. Agora, resta-nos manter a esperança de um dia cá poder voltar, apontar baterias para o nacional de velocidade – categoria de Stocksport 600cc, e esperar por um telefonema vindo de uma equipa Honda de Espanha que se mostrou interessada em me levar a correr no Grande Prémio de França, a disputar-se em Le Mans", afinal ainda há gente que acredita!
Sérgio Batista falhou um lugar na grelha de partida da corrida da sua "vida" mas continuará a lutar pelos seus objectivos, ao lado de quem apostou e continuará a acreditar no seu valor: "Foram muitos os apoios que recebi, mas, infelizmente foram poucos os financeiros. Quero agradecer à Moto Chico que me disponibilizou a moto e à Padock Competições que me proporcionar estar numa grande estrutura, preparando o meu futuro desportivo".

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